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Cisto de Baker

Descubra o que é o cisto de Baker, suas causas e os sintomas mais comuns. Entenda como ele é diagnosticado, quais os exames necessários e as opções de tratamento, desde medidas conservadoras até procedimentos terapêuticos e cirúrgicos para casos específicos.

      O cisto de Baker é o acúmulo de líquido em uma bursa (bolsa normal junto à articulação), na parte de trás do joelho (fossa poplítea), podendo provocar um aumento de volume local e dor. Geralmente, o cisto se forma pelo aumento da produção de líquido sinovial, por algum distúrbio da articulação, como na artrose (osteoartrite) ou na ruptura meniscal. Fique tranquilo(a), na imensa maioria dos casos o cisto de Baker não é um tipo de câncer! É prudente, porém, uma avaliação com um médico especialista, para descartar outros tumores que podem se parecer com um cisto. 

Imagem de um cisto de Baker localizado na região posterior do joelho. Imagem retirada do site da clínica Mayo: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/bakers-cyst/symptoms-causes/syc-20369950#dialogId2815016 
Imagem de um cisto de Baker localizado na região posterior do joelho. Imagem retirada do site da clínica Mayo: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/bakers-cyst/symptoms-causes/syc-20369950#dialogId2815016 
Quais os sintomas do cisto de Baker? 

      Muitos pacientes não apresentam qualquer sintoma e descobrem a presença do cisto ao realizar um exame de imagem, como a ressonância magnética do joelho. Outras pessoas apresentam dor e pressão na parte posterior do joelho, ou sentem um abaulamento na região. A dificuldade para manter o joelho totalmente esticado ou fletido é também uma possível manifestação do cisto de Baker. Obviamente, os sintomas dependem do volume do cisto. Além dos sintomas descritos, cistos maiores podem comprimir outras estruturas (neurovasculares), causando edema e alteração de sensibilidade na extremidade (pé e tornozelo). 

Eventualmente, cistos volumosos podem romper, ocasionando um quadro agudo de dor e de edema na perna e no pé (o líquido desce em razão da gravidade). Estes sintomas simulam um quadro de trombose venosa profunda, mas um exame simples de ecografia é capaz de demonstrar que se trata apenas de um cisto roto. 

      No exame clínico, com os membros inferiores expostos, o médico costuma inspecionar o paciente em pé pelas vistas lateral e posterior, podendo visualizar um abaulamento na região posteromedial do joelho. Na palpação local, em posição prona, é possível observar a delimitação dos bordos da lesão e seu conteúdo líquido. O clássico sinal de Foucher descreve que a palpação do cisto se torna firme durante a extensão do joelho e amolece ou desaparece durante a flexão.  


Foto de uma visão posterior dos joelhos, demonstrando abaulamento póstero-medial no joelho esquerdo por um cisto de Baker. Foto retirada do site: https://afootc.com.au/conditions/bakers-cyst  
Foto de uma visão posterior dos joelhos, demonstrando abaulamento póstero-medial no joelho esquerdo por um cisto de Baker. Foto retirada do site: https://afootc.com.au/conditions/bakers-cyst  
O que causa o cisto? 

      O cisto de Baker é consequência de alguma lesão intra-articular, como osteoartrite (desgaste), lesões meniscais e doenças inflamatórias (artrite reumatoide, gota). Estas condições costumam cursar com efusão articular, o aumento da produção de líquido sinovial. O líquido flui para uma bursa (bursa do semimembranoso), localizada entre a cabeça medial do músculo gastrocnêmio medial e o tendão semimembranoso, e, por um mecanismo de válvula (que abre e fecha com a extensão e a flexão do joelho), se acumula nesta região, formando o cisto.  


Ilustração da visão posterior dos membros inferiores, com abaulamento na região posteromedial do joelho direito. O cisto fica localizado entre o tendão semimembranoso e gastrocnêmio medial. Imagem retirada do site: https://www.informedhealth.org/bakers-cysts.html 
Ilustração da visão posterior dos membros inferiores, com abaulamento na região posteromedial do joelho direito. O cisto fica localizado entre o tendão semimembranoso e gastrocnêmio medial. Imagem retirada do site: https://www.informedhealth.org/bakers-cysts.html 
Quais exames são necessários? 

      Por um exame simples de ecografia já é possível uma boa avaliação da lesão, informando sobre seu conteúdo líquido (diferenciando de massas sólidas), caráter das paredes e estimativa de volume. A ressonância magnética, embora um exame mais caro, também é uma boa ferramenta para avaliar este tipo de lesão, além de fornecer melhor visualização de estruturas articulares (lesões meniscais, lesões de cartilagem) provavelmente relacionadas ao cisto. Já pelo raio X não é possível a visualização do cisto, mas é um bom exame complementar para avaliar o grau de alterações degenerativas na articulação, especialmente o exame com carga. 


Imagem de ressonância magnética (corte axial, ponderado em T2), demonstrando o cisto de Baker (imagem em branco, para onde a seta branca maior está apontando). Retirada do livro: Insall & Scott Cirurgia do Joelho, 6ª edição. 
Imagem de ressonância magnética (corte axial, ponderado em T2), demonstrando o cisto de Baker (imagem em branco, para onde a seta branca maior está apontando). Retirada do livro: Insall & Scott Cirurgia do Joelho, 6ª edição. 
Qual o tratamento do cisto? 

      Na maioria dos casos os cistos não necessitam de tratamento, apenas acompanhamento. Na presença de sintomas, o tratamento costuma ser direcionado para a causa da formação do cisto, e não do cisto em si. Cistos relacionados à artrose de joelho costumam ser tratados com medidas conservadoras, com uso de medicações (analgésicas, anti-inflamatórias), cuidados com peso e reabilitação (fisioterapia e reforço muscular). Já cistos associados a rupturas meniscais, além do tratamento conservador, podem, eventualmente, necessitar de alguma abordagem cirúrgica (artroscopia). 

      Em casos selecionados, no qual houve falha do manejo conservador, pode-se pensar em procedimentos terapêuticos. Especialmente em pacientes com cistos volumosos, causadores de sintomas compressivos.  O procedimento mais realizado é a punção de alívio (perfuração com agulha e esvaziamento do cisto) e infiltração local com corticóide. Pela proximidade a estruturas neurovasculares, é prudente a realização da punção guiada por ecografia. Tal procedimento costuma trazer melhora temporária dos sintomas, mas a taxa de recorrência do cisto é alta.  

Fotos do procedimento de punção do cisto com agulha, guiado por visualização com aparelho de ecografiaa. Imagem retirada do site: https://www.mskultrasoundinjections.co.uk/bakers-cyst-aspiration-cortisone-injection 
Fotos do procedimento de punção do cisto com agulha, guiado por visualização com aparelho de ecografiaa. Imagem retirada do site: https://www.mskultrasoundinjections.co.uk/bakers-cyst-aspiration-cortisone-injection 

A abordagem cirúrgica do cisto é pouco indicada. A cirurgia mais realizada é a artroscopia, para tratamento de lesões relacionadas ao cisto, especialmente lesões meniscais. Nestes casos, a artroscopia costuma reduzir os sintomas e o volume do cisto. Já o tratamento artroscópico do cisto em si, como desbridamento e tentativa de fechamento do mecanismo de válvula, ainda não é bem respaldado na literatura. Nos casos de falha de outras medidas, o tratamento cirúrgico aberto pode ser considerado. A técnica mais empregada é por uma incisão póstero-medial, dissecção do cisto desde sua base e fechamento do óstio por uma sutura de fechamento. Mesmo com a ressecção cirúrgica, a taxa de recorrência da lesão ainda é considerável. 


 

Referências 

Scott, W. N. (2011). Insall & scott surgery of the knee E-book. Elsevier Health Sciences. 

Demange, M. K. (2011). Cisto de Baker. Revista Brasileira de Ortopedia, 46, 630-633. 

Frush, T. J., & Noyes, F. R. (2015). Baker’s cyst: diagnostic and surgical considerations. Sports health, 7(4), 359-365. 

Abate, M., Di Carlo, L., Di Iorio, A., & Salini, V. (2021). Baker’s cyst with knee osteoarthritis: Clinical and therapeutic implications. Medical Principles and Practice, 30(6), 585-591. 

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Dr. Paulo Ricardo Picon

O Dr. Paulo Ricardo Picon é médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho, com formação em medicina pela UFCSPA. Concluiu sua especialização em ortopedia e traumatologia pela PUCRS e possui especialização em cirurgia do joelho e mestrado profissional pelo INTO-RJ. Ele é membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho. Sua experiência e dedicação aos seus pacientes proporcionam um atendimento profissional e humanizado.

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