Cisto de Baker
Descubra o que é o cisto de Baker, suas causas e os sintomas mais comuns. Entenda como ele é diagnosticado, quais os exames necessários e as opções de tratamento, desde medidas conservadoras até procedimentos terapêuticos e cirúrgicos para casos específicos.
O cisto de Baker é o acúmulo de líquido em uma bursa (bolsa normal junto à articulação), na parte de trás do joelho (fossa poplítea), podendo provocar um aumento de volume local e dor. Geralmente, o cisto se forma pelo aumento da produção de líquido sinovial, por algum distúrbio da articulação, como na artrose (osteoartrite) ou na ruptura meniscal. Fique tranquilo(a), na imensa maioria dos casos o cisto de Baker não é um tipo de câncer! É prudente, porém, uma avaliação com um médico especialista, para descartar outros tumores que podem se parecer com um cisto.

Quais os sintomas do cisto de Baker?
Muitos pacientes não apresentam qualquer sintoma e descobrem a presença do cisto ao realizar um exame de imagem, como a ressonância magnética do joelho. Outras pessoas apresentam dor e pressão na parte posterior do joelho, ou sentem um abaulamento na região. A dificuldade para manter o joelho totalmente esticado ou fletido é também uma possível manifestação do cisto de Baker. Obviamente, os sintomas dependem do volume do cisto. Além dos sintomas descritos, cistos maiores podem comprimir outras estruturas (neurovasculares), causando edema e alteração de sensibilidade na extremidade (pé e tornozelo).
Eventualmente, cistos volumosos podem romper, ocasionando um quadro agudo de dor e de edema na perna e no pé (o líquido desce em razão da gravidade). Estes sintomas simulam um quadro de trombose venosa profunda, mas um exame simples de ecografia é capaz de demonstrar que se trata apenas de um cisto roto.
No exame clínico, com os membros inferiores expostos, o médico costuma inspecionar o paciente em pé pelas vistas lateral e posterior, podendo visualizar um abaulamento na região posteromedial do joelho. Na palpação local, em posição prona, é possível observar a delimitação dos bordos da lesão e seu conteúdo líquido. O clássico sinal de Foucher descreve que a palpação do cisto se torna firme durante a extensão do joelho e amolece ou desaparece durante a flexão.

O que causa o cisto?
O cisto de Baker é consequência de alguma lesão intra-articular, como osteoartrite (desgaste), lesões meniscais e doenças inflamatórias (artrite reumatoide, gota). Estas condições costumam cursar com efusão articular, o aumento da produção de líquido sinovial. O líquido flui para uma bursa (bursa do semimembranoso), localizada entre a cabeça medial do músculo gastrocnêmio medial e o tendão semimembranoso, e, por um mecanismo de válvula (que abre e fecha com a extensão e a flexão do joelho), se acumula nesta região, formando o cisto.

Quais exames são necessários?
Por um exame simples de ecografia já é possível uma boa avaliação da lesão, informando sobre seu conteúdo líquido (diferenciando de massas sólidas), caráter das paredes e estimativa de volume. A ressonância magnética, embora um exame mais caro, também é uma boa ferramenta para avaliar este tipo de lesão, além de fornecer melhor visualização de estruturas articulares (lesões meniscais, lesões de cartilagem) provavelmente relacionadas ao cisto. Já pelo raio X não é possível a visualização do cisto, mas é um bom exame complementar para avaliar o grau de alterações degenerativas na articulação, especialmente o exame com carga.

Qual o tratamento do cisto?
Na maioria dos casos os cistos não necessitam de tratamento, apenas acompanhamento. Na presença de sintomas, o tratamento costuma ser direcionado para a causa da formação do cisto, e não do cisto em si. Cistos relacionados à artrose de joelho costumam ser tratados com medidas conservadoras, com uso de medicações (analgésicas, anti-inflamatórias), cuidados com peso e reabilitação (fisioterapia e reforço muscular). Já cistos associados a rupturas meniscais, além do tratamento conservador, podem, eventualmente, necessitar de alguma abordagem cirúrgica (artroscopia).
Em casos selecionados, no qual houve falha do manejo conservador, pode-se pensar em procedimentos terapêuticos. Especialmente em pacientes com cistos volumosos, causadores de sintomas compressivos. O procedimento mais realizado é a punção de alívio (perfuração com agulha e esvaziamento do cisto) e infiltração local com corticóide. Pela proximidade a estruturas neurovasculares, é prudente a realização da punção guiada por ecografia. Tal procedimento costuma trazer melhora temporária dos sintomas, mas a taxa de recorrência do cisto é alta.

A abordagem cirúrgica do cisto é pouco indicada. A cirurgia mais realizada é a artroscopia, para tratamento de lesões relacionadas ao cisto, especialmente lesões meniscais. Nestes casos, a artroscopia costuma reduzir os sintomas e o volume do cisto. Já o tratamento artroscópico do cisto em si, como desbridamento e tentativa de fechamento do mecanismo de válvula, ainda não é bem respaldado na literatura. Nos casos de falha de outras medidas, o tratamento cirúrgico aberto pode ser considerado. A técnica mais empregada é por uma incisão póstero-medial, dissecção do cisto desde sua base e fechamento do óstio por uma sutura de fechamento. Mesmo com a ressecção cirúrgica, a taxa de recorrência da lesão ainda é considerável.
Referências
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Frush, T. J., & Noyes, F. R. (2015). Baker’s cyst: diagnostic and surgical considerations. Sports health, 7(4), 359-365.
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